A
Bemologia é uma ciência e uma religião que traz algo novo que
possibilita ao homem: reencontrar-se, reformular-se, refazer-se.
Poderíamos falar um pouco sobre o contexto atual em que vivemos,
pois o homem de hoje busca uma resposta, um sentido de vida. Durante
muito tempo, pessoas se dedicaram a discutir e a refletir sobre este
tema, o do sentido de vida e, desse modo, construir conhecimentos e
encontrar achados acerca do tema do sentido de vida. Poderíamos
então perceber que há no ser humano essa inclinação voltada para
o sentido de existência. O que é existir? Existir não é
simplesmente ter um corpo. Para o ser humano existir não é saciar
necessidades fisiológicas apenas. Para o ser humano existir é algo
que vai muito além disso. O ser humano tem além das necessidades
fisiológicas (naturais, biológicas) a necessidade, racional e
afetiva, de ter um sentido de vida.
Sentido
de vida não é qualquer coisa, mas também não é algo misterioso,
algo muito grande e distante da razão humana. Cada pessoa deve
buscar um sentido para sua vida, mas é importante compreender que
sentido de vida, em sua abrangência mais ampla, é algo que deve ser
sempre buscado, e o ser humano deve sempre se empenhar para encontrar
o que se está sendo buscado, isso quando já vislumbrado. Na medida
em que se vai reconhecendo o caminho para esse sentido de vida, as
coisas ficam mais claras e objetivas.
Parece
um pouco filosófico este assunto e de fato é filosófico, mas,
aqui, não é filosofia tão abstrata como é feito por outros
teóricos ao falar sobre sentido de vida. Sentido de vida é algo
bastante claro para quem o encontra, porém pode ser bastante confuso
para quem ainda o busca. Poderíamos, também, falarmos em sentidos
de vida, no plural, pois uma pessoa pode ter mais de um sentido de
vida.
Mudando
um pouco a rota de nossos pensamentos, podemos nos fazer esta
pergunta: mas sempre existirá um sentido de vida? Parece-me ser algo
bastante interessante de ser discutido. Podemos falar muitas coisas
sobre sentido de vida. Acredito ser também importante falarmos sobre
configuração de vida. Configurar significa dar uma forma à
semelhança de algo. Quando falamos sobre que os seres humanos estão
configurando-se a animais, estamos dizendo que nós, seres humanos,
podemos estar agindo, hoje, como os animais agem, desse modo,
dissemos que estamos agindo irracionalmente. Poderíamos, assim,
compreender que configurar, no bom sentindo, ou seja, configura-se a
algo bom, é uma coisa importante dentro do desenvolvimento do ser
humano.
Vejamos
um exemplo: quando você quer configurar o seu computador, você quer
ajeitar seu computador de maneira que ele lhe possibilite recursos
para resolver suas necessidades. Configurar a vida, ou seja, dar-lhe
um sentido é algo bastante profundo e bastante complexo, mas, ao
mesmo tempo, pode ser simples, isso se a pessoa viver em um processo
contínuo de autoconhecimento. Para uma pessoa que não vivi esse
processo constante de autoconhecimento será um pouco mais difícil
encontrar o sentido ou os sentidos de vida, pois o autoconhecimento
possibilita este achado, o do sentido de vida.
A
Bemologia apresenta a Psicanálise como um dos seus instrumentos,
assim como a Filosofia, as Histórias das Religiões e as Leis. A
Psicanálise, de modo acentuado, pode nos proporcionar nosso
autoconhecimento.
Então,
o que é se autoconhecer? O que é ter uma visão aprofundada de si
próprio? O autoconhecimento, enquanto uma prática intencional, não
é uma coisa nova, mas, muitas vezes, também não é uma coisa bem
esclarecida, já que o autoconhecimento é algo que não se tem fim,
apenas se tem começo, pois é algo que teremos que desenvolver até
o final de nossas vidas.
O
autoconhecimento, por ser algo constante, desenrola-se durante todo o
percurso da vida das pessoas que o buscam. Autoconhecer-se é uma
necessidade humana, para um sadio desenvolvimento pessoal. Quando uma
pessoa se autoconhece, ela pode estabelecer metas para si. Pode
também fazer um diagnóstico sobre si mesma. Entenda que isso
somente será possível quando o indivíduo se autoconhece, no
sentido de alguém que está no processo de autoconhecimento, pois
não existe o estágio final para o autoconhecimento.
Como
já fora dito anteriormente, esse processo de autoconhecimento é, de
modo qualitativo, possibilitado, dentro da visão da Bemologia,
através da Psicanálise.
A
Psicanálise é um método ou uma ciência que estuda a mente humana,
que a investiga com o propósito de proporcionar qualidade de vida
para os indivíduos que se submetem ao seu método de análise e
tratamento, mas a Psicanálise é um conhecimento (um método ou uma
ciência) que ao longo de sua história tem tido várias ramificações
divergentes e complementares. Suas divergências e complementações
não se caracteriza como algo negativo, mas pelo contrário é algo
muito positivo, pois demonstra a complexidade de seus objetivos, pois
trata do ser mais complexo: o ser humano.
Dos
tempos de Freud até os dias de hoje, podemos compreender que a
Psicanálise tem grandes subdivisões, ou seja, novas linhas
teóricas, como já fora colocado, pois os psicanalistas se dividem
em pesquisas diversas e trazem grandes achados e direções de
caminhos para o desenvolvimento do ser humano.
O
autoconhecimento é um dos temas ou um dos assuntos que mais está
envolvido nas pesquisas psicanalíticas, isso de modo direto e
indireto. Na maioria das pesquisas da Psicanálise é tratada a
questão do autoconhecimento. Poderíamos, assim, dizer que a
Psicanálise possibilita ao ser humano se autoconhecer de modo
qualitativo, como fora dito anteriormente.
Diante
daquilo que nós estamos discutindo sobre autoconhecimento ligado ao
conhecimento psicanalítico, podemos também traçar uma linha para a
dimensão filosófica do ser humano, já que também a Psicanálise
tem sua dimensão filosófica enquanto busca reflexões sobre a vida
humana. Dentro dessa dimensão filosófica ligada à Psicanálise
podemos então mergulhar ainda mais no que nós chamamos de
autoconhecimento. Autoconhecer-se, dentro da visão psicanalítica e
também ligada a visão filosófica, é uma possibilidade do ser
humano se desenvolver de modo mais seguro. Poderíamos falar também
de autoconhecimento e história das regiões, pois as histórias das
religiões fazem parte da cultura humana e ao falarmos sobre as
histórias das religiões muitas coisas poderiam ser reportadas ao
autoconhecimento, tendo em vista que muitas religiões têm o viés
de autoconhecimento, muitas vezes deturpado e muitas vezes coerente.
Isso também faz parte, como uma das dimensões da Bemologia,
investigar e analisar a dimensão do autoconhecimento, no campo do
indivíduo (singular) e dos indivíduos (enquanto grupos), dentro das
histórias das religiões.
Poderíamos
também puxar uma seta em direção ao estudo das Leis, porque as
Leis também demonstram aquilo que o homem conquistou e aquilo que o
homem enxergou como sendo legítimo para a vida humana. Em contra
partida, as Leis também demonstram aquilo que vai de encontro ao que
o homem acredita ser positivo para vida humana. Então dentro dessa
visão ampla que nós estamos tendo sobre autoconhecimento, vamos
retornar ao tema principal que é sentido de vida. O sentido de vida
do ser humano, enquanto ser único (indivíduo) é algo que é
conquistado através do autoconhecimento. O sentido de vida, como já
fora dito anteriormente, já foi estudado diretamente e indiretamente
por vários teóricos e filósofos, mas dentro da visão da Bemologia
é importante o estudo sobre o sentido de vida na dimensão pessoal,
de um indivíduo, pois é quando um indivíduo percebe-se com um
sentido de vida que este tem um caminho mais certeiro, mais consistente, que possibilita ter uma postura mais consistente diante da vida,
porque sua existência será firmada no seu ou nos seus sentidos de
vida.
Podemos
ainda falar, relacionando ao assunto do sentido de vida, sobre
cultura, porque cultura, de forma mais ampla, é, também, uma forma, ou formas, de visão ,ou visões, que é passada sobre as
coisas e sobre o próprio homem, pois o homem é fruto da cultura.
Ligado
à cultura há algo que eu gostaria de dar ênfase, falo do
conhecimento. Temos uma variedade, um grande leque, melhor dizendo,
de conhecimentos disponíveis hoje para nós, contemporâneos deste
século da informação e do conhecimento que possibilita várias
linhas de pensamentos que podem nos ajudar a desenvolver nosso
sentido de vida.
Aí
você pode perguntar: mas a Bemologia já não está propondo esses
conhecimentos? Sim. Mas falo, agora, de conhecimentos em textos
escritos por filósofos e por escritores teóricos que podem nortear
as nossas vidas dentro do campo filosófico e, assim por diante, é
importante ter direcionamentos, pois não podemos fazer apenas
recortes. Os recortes são positivos quando nós nos dedicamos ao
estudo de algo, tendo já subsídios que fortaleçam o
desenvolvimento do nosso pensamento. Quando não existe ainda um
conhecimento anterior sobre um terminado tema, fazer recortes torna-se algo perigoso.
Então, para as pessoas que querem se desenvolver no conhecimento sobre
sentido de vida, é necessário buscar dedicar-se a aprofundar-se em
teóricos e filósofos que também discutam sobre os temas: Sentido
de Vida, Autoconhecimento e coisas correlatas.
Podemos
compreender, assim, o quão vasto pode ser nossa pesquisa sobre
sentido de vida, mas isso poderia se transformar numa coisa tão
complexa a ponto de ficarmos perdidos no momento presente. E para
evitar este "estar" perdido é necessário sermos simples e ter uma
visão positiva sobre a vida, tornando a vida algo de grande valor.
Essa
visão é a pedra sobre qual nós vamos erguer o edifício de nossa
reflexão.
Temos
algo que é suficientemente importante e imensuravelmente valioso:
que é a própria vida. A vida, em si, é sentido de vida, mas isso é
um ponto de partida, uma segurança, mas a vida precisa ser
alimentada com o que nós podemos chamar de segundo sentido de vida ou primeiro
sentido de vida, pensando este como algo que está sobre o alicerce, pois o alicerce é a própria
vida.
Então,
qual ou quais sentidos de vida podem determinar a vida dos seres
humanos? Poderão ser muitos, podemos falar sobre alguns, como,
depois da vida do próprio indivíduo: a vida de uma pessoa querida
da família, uma pessoa em que o indivíduo queira se dedicar a essa pessoa, entre outras várias coisas tidas como algo de grande importância para um indivíduo, podem
ser um sentido de vida. Mas também pode se configurar como um
sentido de vida as causas sociais, como as dos necessitados que
precisam de ajuda e muitas outras coisas semelhantes ou diferentes,
como o cuidar da natureza.
O
sentido de vida é algo que se deve buscar. Você tem que se
encontrar com algo que você possa dizer: isso é substancialmente
potente para me motivar a viver até o resto da minha vida ou até um
longo tempo na minha vida. Então, aí se configura, de forma mais
precisa, o sentido de vida.
Há
que se ter cuidado com teóricos que falam sobre sentido de vida ou
sentidos de vida como coisas bastantes imprecisas, e eu diria que até
muito perigosas, como: “o sofrimento é um sentido de vida.” Eu
acho isso bastante perigoso, colocar o sofrimento como um sentido de
vida. Por que é bastante perigoso identificar o sofrimento como
sentido de vida? Porque o sofrimento não deve ser, de hipótese
alguma, o sentido de vida de nenhuma pessoa, pois sofrimento é uma
condição involuntária, é uma questão de vulnerabilidade e que
todos estão à mercê disso, mas não deve ser ressaltado como algo
que deva ter centralidade na vida de uma pessoa, isso seria
masoquismo.
Por: Edson Carlos de Sena - Primeiro Bemólogo
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